Perdida

Ir dormir ao embalo da histeria não é nada confortável, é como dormir em folha de jornal sobre o chão de concreto. Dores e mais dores surgem no meu corpo além das marcas. Tanta coisa caindo ao mesmo tempo, quer dizer, eu derrubo as coisas por cima de mim e reclamo. Apenas quero recuperar o controle que eu tinha ou que apenas me iludia. Nunca uma ilusão fez tanta falta.

Sabe a sensação de estar andando nua pela rua? Estou 24h nua atualmente, despida de qualquer fonte de segurança, sem escudos, nem armas certas pra me defender. Não consigo vestir se quer um pouco de coragem e engolir os impulsos. E faz frio… Como faz frio! Não encontro um porto seguro em nada, em absolutamente nada e nem ninguém.

Será que estou no abismo da modernidade? Já foi cogitado e surtei, gritei por dentro: sim, agora me tira daqui! Não sei mais escalar uma parede ingrime e irregular, sei que em qualquer momento vou escorregar e para no poço. Só quero sair dessa confusão mental, não sei o que é foco. Sinto meu corpo cair e a cabeça gritar cada vez mais alto, porém não entendo se quer uma palavra.

Onde estou, afinal?

(23 de janeiro de 2015)