Eu sou aquela guria fútil

Sou uma guria fútil. Sim, sou mesmo. Já cheguei no limite do cartão de crédito por causa de lojas de departamento. Já usei o cartão da minha mãe para comprar roupas depois disso também. Como sou horrível! Mas raras vezes parcelei uma compra só de roupas ou calçados. Pode não parecer, mas sou mão de vaca, por isso quando quero comprar roupas, aguardo as liquidações, vasculho cada canto das lojas até encontrar o que quero pelo menor preço e se eu não encontro, aguardo o próximo mês. Eu disse, eu sou fútil, gosto de me vestir bem e me sentir bem no que estou usando. 

Como mencionei, posso contar nos dedos de apenas uma mão quantas vezes parcelei uma compra de roupas e acessórios. Até hoje apenas me recordo de umas 4 vezes ter feito isso. Não me arrependo, muito pelo contrário, pois pago 95% do que visto com o que ganho no estágio que faço. Gasto meu dinheiro como eu bem entendo. Atualmente comprei uma cama e um guarda-roupa novo, ainda não terminei de pagar tudo, mas sou eu quem está pagando… e as roupas? Ah, aquela blusa com estampa da Frida que vi no centro da cidade ainda será minha e ponto final. 

Há alguns meses eu descobri que sou fútil e que comprar roupas é futilidade, pelo menos pra quem me disse isso, claro. Gostar de moda é um pecado nesse caso? E de maquiagem, pecado mortal? Estou no inferno desde criança seguindo este viés. Como estudante de história, eu ainda quero muito pesquisar sobre moda. Muitas pessoas não percebem como ela pode nos traduzir tantas coisas sobre comportamentos e poder, por exemplo. Para ilustrar melhor, cito apenas um nome: Luis XIV, dois beijos, miga. E mais um detalhe, sociedade te julga pelo que vestes. 

Neste contexto é que revelo o que parcelo no meu cartão: parcelo os R$200, R$300 em livros que compro ao longo do ano. Parcelo os livros importados, junto com os polígrafos que imprimo. Pesquiso uns lances bem estranhos, um império que poucos sabem que existiu e uma gente de religião tida como “terrorista”, mas por eu gostar de comprar roupas, nada vale mais. O modo que gasto meu dinheiro é pauta para questionamentos. Não quero ser academicista, nem elitista, muito menos moralista. Apenas questionar e tentar descobrir qual o problema de gostar de coisas diferentes. E ainda: por que algumas coisas são fúteis e outras não, mas podem ser elitistas? Nunca saberei a resposta.